Gêmeos sobrevivem em útero de mãe morta
A morte é algo tão doloroso que não paramos para entender os seus mecanismos, e acabamos simplificando as coisas para não entrar em assuntos incômodos. A morte é o fim do funcionamento do corpo, mas não é tão simples assim.
A morte cerebral é o fim do funcionamento literal e fisiológico do cérebro e de todo o sistema nervoso controlado por ele.
Quando isso ocorre é declarada a morte porque é o cérebro o responsável pelo controle de todo o nosso corpo, pelos pensamentos conscientes e inconscientes, pelos sonhos, sensações, por todos os sentidos e por conectar todo o organismo, bem como por mandar e receber informações do nosso corpo.
Quando o cérebro morre, nunca mais a pessoa vai pensar, acordar, ter qualquer sensação, e mesmo o organismo vai parar de funcionar, a não ser de forma artificial. Até quando o coração parar é possível bombear o sangue artificialmente e obter a recuperação da pessoa se o cérebro estiver vivo ainda, mas o contrário não acontece.
A história de Frankielen Zampoli
Nesse artigo vamos abordar um episódio impressionante, o de uma mulher grávida de gêmeos que teve diagnóstico de morte cerebral, mas que através de aparelhos e outros apetrechos médicos, teve os seus órgãos sustentados por 123 dias para que ela pudesse gerar essas crianças.
O Brasil pode se orgulhar de ter conseguido um feito incrível, que é trazer ao mundo, gêmeos que ficaram pelo maior tempo na história da humanidade no útero de sua mãe morta.
Asaph e Ana Vitória, de um ano e oito meses, foram gestados com a ajuda de aparelhos por sua mãe com morte cerebral por incríveis 123 dias, ou quatro meses. Nunca antes nem mesmo uma gestação de uma criança tinha durado tanto nessas condições.
Frankielen Zampoli, de vinte e um anos, morreu de aneurisma cerebral quando estava grávida de dois meses.
Ela teve uma forte dor de cabeça, e o marido a levou ao hospital em Contenda, a quarenta km de Curitiba. O quadro se agravou e ela foi transferida para o Hospital do Rocio, na capital, mas já era tarde para ela, pois haviam sinais de morte encefálica, segundo o médico Dalton Rivabem, chefe da UTI neurológica.
“Exames demonstraram hemorragia cerebral. Ela foi encaminhada para cirurgia, para drenar o sangue, mas, mesmo após a cirurgia, ela não respondeu. Após três dias foi fechado o diagnóstico de morte encefálica e a morte de Frankielen foi informada à família”
Segundo o médico, a expectativa era de que em três dias os corações dos bebês parassem de bater. Então os aparelhos seriam desligados, mas isso não ocorreu, e com a ajuda de respiração e alimentação artificial.
Além de hormônios, foi possível levar a gestação até o fim, e os bebês nasceram saudáveis, mostrando que a medicina faz coisas incríveis e que tem ainda muito a evoluir.
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